Problema frequente em mulheres tem fácil solução

07/03/2008

CLARISSA LIMA – AGÊNCIA UFRJ DE NOTÍCIAS – CCS

Instituto de GinecologiaIG

Hoje, dia 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Por todo o mundo, serão feitas homenagens a pessoas do chamado “sexo frágil”. Embora hoje as mulheres tenham conquistado direitos equiparáveis aos masculinos e já demonstrem que não são tão sensíveis como sempre foram caracterizadas, ainda não conseguiram superar um mal muito frequente que se manifesta exatamente em momentos de fragilidade feminina: a candidíase vaginal.

Causada pelo fungo Candidaalbicans, esta doença pode acometer diversos locais do corpo humano. O conhecido “sapinho” dos recém-nascidos, por exemplo, é uma forma de candidíase. Outros lugares onde este problema é frequente são as vias respiratórias e o intestino.

De acordo com o ginecologista José Augusto Machado, do Instituto de Ginecologia da UFRJ, este fungo vive em meios quentes e úmidos. Porém, além destas condições já típicas que a cavidade vaginal oferece, outro fator é determinante:

– Nosso corpo mantém um equilíbrio, chamado homeostase, que o faz capaz de se defender contra agressões externas. Entretanto, algumas situações podem quebrar este equilíbrio, permitindo o aparecimento das chamadas “infecções oportunistas”. A candidíase é a infecção oportunista mais comum na mulher, – afirma o especialista.

Tal desequilíbrio orgânico pode ser ocasionado por uma série de razões. Descontrole emocional causado pela morte de um ente querido, stress, nervosismo com a proximidade do casamento são fatores que facilmente levam o organismo a se descontrolar, como declara o professor:

– Situações que fragilizam a mulher modificam o meio químico da cavidade vaginal, tornando-a mais ácida, condição que facilita ainda mais o surgimento do fungo.

Além disso, o uso de antibióticos e situações de baixa imunidade tornam mulheres mais vulneráveis ao descontrole orgânico e consequente candidíase. “Existem bactérias que habitam o nosso corpo e servem para protegê-lo. Contudo, em caso de doenças de origem bacteriana, quando é prescrito o uso de antibióticos, tais medicamentos matam não apenas os organismos que causam doenças, mas também os que são importantes para manter a homeostase. Sendo assim, este fator pode favorecer o aparecimento da Candida. Anemia, diabetes e AIDS também são condições facilitadoras, pois interferem no sistema imunológico e no metabolismo orgânico”, explicita José Augusto.

Segundo ele, também é muito comum que a doença ocorra em mulheres grávidas, uma vez que a gestação causa uma série de transformações em todo o corpo feminino. A gravidez reduz a imunidade da mulher, para permitir o desenvolvimento do embrião, e muda o pH vaginal, ou seja, cria um ambiente favorável para o fungo.

Sintomas
De acordo com o médico, a sintomatologia da candidíase é caracterizada por secreções esbranquiçadas. Por isso a denominação albicans, que significa “branco”. Na candidíase genital, especificamente, ocorre corrimento esbranquiçado e com grumos, prurido, ardência, vermelhidão e inchaço dos pequenos e grandes lábios. Dependendo da intensidade da manifestação do fungo, estes sinais podem sofrer agravamento:

– A candidíase pode se manifestar de forma mais branda ou mais intensa. Entretanto, o quadro mais agudo deste mal, chamado vulvo-vaginite micótica, gera extrema quantidade de corrimento, além de maior rubor e ardência. O incômodo pode ser tão grande que as mulheres não conseguem andar direito e a micção se torna quase um suplício, devido à acidez da urina e o contato com a região ferida. Neste caso, a mulher costuma correr para um ginecologista, pois os sintomas se tornam insuportáveis – , explica o ginecologista.

Tratamento e prevenção

Para evitar a candidíase e se cuidar quando ela se manifesta, é comum que a tomada de medidas genéricas. Como não é um problema grave, cuidados simples podem solucionar esta doença. Boa higiene pessoal é regra. Além disso, o uso de vestimentas adequadas ao tipo de clima em que se vive é uma boa dica. No Brasil, é aconselhável que as mulheres usem roupas, em especial calcinhas, que sejam feitas de algodão, pois auxiliam na ventilação e reduzem os riscos do surgimento da Candida.

– Cremes vaginais e sabonetes íntimos que diminuem a acidez da vagina são formas de tratamento da candidíase. Em caso de vulvo-vaginite, o médico pode receitar tratamento sistêmico, à base de comprimidos. Também era comum, no passado, que as mulheres fizessem banhos de assento com bicarbonato de sódio. Esta é uma forma eficaz e barata de eliminar o fungo, pois a água bicarbonatada é alcalina e a Candida não sobrevive em meios com esta característica, comenta José Augusto.

Por que só as mulheres sofrem?

Atualmente, a candidíase está relacionada como uma doença sexualmente transmissível. Contudo, o ginecologista afirma que se formou um mito em relação a este problema, pois existe um fato que torna a hipótese de contaminação através do ato sexual mais complicada:

– O pênis apresenta características muito diferenciadas da vagina. Como ele é externo e bem ventilado, ele não é tão quente e não retém tanta umidade como a genitália feminina. Por isso, é muito difícil que o fungo se desenvolva neste ambiente. Por isso, quando um homem é afetado por meio de relação sexual, por exemplo, ele pode sentir certo desconforto logo em seguida, mas rapidamente o próprio organismo, espontaneamente, elimina o problema -, revela o médico.

José Augusto finaliza com um esclarecimento: “É fundamental que o ginecologista relate para as meninas que estão começando a frequentar consultórios de ginecologia sobre males frequentes e situações para ficar alerta. As mulheres têm que procurar um especialista quando perceberem que estão lidando com problemas mais sérios, e informação é vital neste sentido”.

https://ufrj.br/noticia/2015/10/22/problema-freq-ente-em-mulheres-tem-f-cil-solu-o

60 anos do Instituto de Ginecologia

28/03/2007

TAINÁ SARAMAGO – AGÊNCIA DE NOTÍCIAS UFRJ – CCS

Instituto de GinecologiaIG

Em 2007, o Instituto de Ginecologia (IG) da UFRJ, marco na criação da ginecologia como especialidade médica no Brasil, comemora 60 anos com toda pompa. Diversas atividades estão previstas como o show “Prata da Casa”, um evento onde os funcionários demonstrarão seus talentos; a publicação de um histórico do Instituto além de promover um encontro de ex-alunos.

Hoje o Instituto coordena cursos de Pós-graduação lato sensu, como de Aperfeiçoamento, Especialização, Residência Médica, de Treinamento Profissional e de Atualização; os cursos de Pós-graduação stricto sensu – Mestrado e Doutorado em Ginecologia integrado ao Programa de Pós-graduação em Cirurgia Geral. Além de oferecer aos alunos da Graduação em Medicina da UFRJ, Internato Rotatório em Ginecologia e o Centro de Estudos para a realização de Seminários, Conferências e Mesas Redondas em diversas áreas de atuação da Ginecologia.

Além disso, o Instituto pretende ser um centro de excelência em Reprodução Humana, com as mais modernas técnicas de fertilização. Atualmente, o local conta com consultas para o casal, atendimento psicológico, ultra-sonografias, histeroscopias, laparoscopias, entre outros. Tudo isso para ajudar gratuitamente os casais que têm dificuldades em gerar filhos.

– Desejamos poder ajudar de verdade esses casais, queremos ser capazes de fazer gratuitamente para a população a Reprodução Assistida (Inseminação Artificial). Mas para isso precisamos de ajuda financeira. Temos espaço e material humano, o que falta é verba e vontade política,  – afirmou  o professor Antônio Carneiro, diretor-geral do Instituto

A unidade foi descredenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2001 e passou por uma crise, superada com dificuldades. Com a ajuda de funcionários, pacientes, amigos, alunos, ex-alunos, médicos e, principalmente, do doutor Antônio Carneiro, as atividades foram restabelecidas. Novas metas, inclusive, foram alcançadas, como a criação de uma biblioteca, credenciamento da Residência Médica em Obstetrícia e Ginecologia e organização de novos projetos de pesquisas e reativação dos antigos. 

Um pouco da história

Em 1936, com o falecimento do professor Augusto Brandão Filho, o professor Arnaldo de Moraes, seu discípulo, assumiu a Cadeira da Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, hoje UFRJ. A nova Clínica foi instalada no Hospital Estácio de Sá (atual Hospital da Polícia Militar) e transferida, em 1942, para o Hospital Moncorvo Filho. E ao contrário do que se poderia imaginar para a época, a clínica não se limitou à assistência médica e ao ensino curricular da fisiopatologia do aparelho genital feminino, a clínica fez questão de interagir com outros setores da medicina e pesquisar mais sobre as ginecopatias. E em 31 de Março de 1947, o Conselho Universitário aprovou a criação do Instituto de Ginecologia da UFRJ, integrado a Faculdade de Medicina.

https://ufrj.br/noticia/2015/10/22/60-anos-do-instituto-de-ginecologia